domingo, 29 de janeiro de 2012

Mito

- Sabes o que me dava jeito?
- O quê?
- Ter-te aqui comigo, lógico.
-A lógica é sobrevalorizada.
-Achas?
-Acho.
-Porquê?
-Porque sim, o que tem lógica para ti, para mim pode não ter.
-Não podemos ter a mesma noção de lógica?
- Podemos, claro.
- Então…
- Então nada. Pensa comigo. Tu achas que o que te dava jeito era eu estar aí. Eu acho que não. Acho que o que te dava jeito era teres aí alguém. Porque se esse ‘alguém’ fosse eu, não falavas de jeitos, falavas de necessidades.
-

(…)

-Sabes o que eu precisava agora?
- O quê?
- Ter-te aqui comigo, óbvio.
-O óbvio é elusivo.
- Lá estás tu… Explica-te.
- Achas que para mim é óbvio que precisas de mim?
- Acho. Se não for, devia ser.
- Não é.
-Mas devia. Não é porquê?
-Porque não precisas de mim.
-Preciso sim. Porque dizes isso?
- Porque se precisasses, não me pedias aí, fazias-te de convidado e vinhas obter o que precisas. Portanto não me fales de necessidades, não me iludas. Necessidades? Se as tivesses, não esperavas por elas, satisfazia-las.
-

(…)

-Não sei que mais te dizer.
- Então?
- Então?! De tudo o que te digo nada é real para ti, nada serve, nada faz sentido ou é plausível.
- O sentido é discutível.
- Vês? Para que é que é isso? Não acreditas no que sinto?
- Depende. Alguma vez quiseste que eu acreditasse?
- Claro, todos os dias.
- Então agora explica-me: não acredito porquê?
- Sei lá, isso gostava eu de saber.
- Simples: não há nada para eu acreditar.
- Não há? Há sim.
- Não. Se houvesse não esperavas que eu acreditasse, limitavas-te a fazer-me acreditar. Senão não passa de um mito.
- Queres que faça o que então?
- Nada. Não fizeste logo de inicio, não esperes que agora me fie em ténues palavras resultantes de queixumes.  
-Queixumes? Até parece.
- Sim, é essa a finalidade. Tu falas, queixaste que não acredito, não ages, morre tudo.
-Ou seja, morri para ti?
- Sim. Ao tempo. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Because to love you

When I’m alone in the street, and I can’t find you anywhere.

‘’Because to love you mean so much more’’.

Saio, sem saber bem porquê ou para onde. E chove. Acho sempre que se agir como nos filmes, que (como nos filmes) terei um final feliz. Não é como nos thrillers ou nos típicos filmes de terror. É finais daqueles dos romances onde o amor triunfa sempre e corre tudo bem. Acho sempre que se ficar ali parada, à chuva, naquele preciso sitio, naquele exacto momento, alguém irá aparecer com um chapéu-de-chuva e vai acabar o desgosto e começa então a fazer sol e fica tudo bem, como se amar-te significasse tão pouco.
Mas significa muito mais.
E a verdade é que só mentes. Quando me iludes e dizes que vai ficar tudo bem. Mas amar-te significa muito mais.
Amar-te significa acreditar quando sei que não devo. Significa esperar à chuva quando sei que não vens. Significa sentar-me à tua frente a ouvir as tuas desculpas quando sei que não passam disso desculpas. Significa deixar-te repetir o mesmo erro vezes e vezes sem conta e estar sempre aqui disposta a perdoar mal reparares que erraste. Significa ficar à espera que tudo se resolva quando já tenho mais que presente em mim que não vai resultar. Significa dizer-te que não és nada quando és tudo. Significa não esquecer o teu passado pois sei que ele virá sempre ao de cima e mesmo assim adormecer serena sem pensar no que virá. Porque amar-te significa deixar-te atacares-me e ter a capacidade de responder calmamente quando a minha vontade é essa mesma atacar-te.
Significa… to be alone in the street, when I can’t find you anywhere.

‘’Because to love you mean so much more’’.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amo-te

Há que admitir que foram tantas as vezes que tentei que perdi a conta de quantas foram ao todo. Há que admitir que tentar não chega para conseguir e que o conseguir só se alcança depois de nos mentalizarmos que o tentar é areia que atiramos para os nossos olhos. Há que admitir que apesar de tantos amores ou tantas relações que passaram ou passarão, mais nenhuns e nenhumas virão.. Independentemente do que for considerado por ti um ‘esforço’, para mim isso já é o suficiente. Epa, já passou tanto tempo. Passámos por tanto. Foi difícil pa crl, mas deu sempre. Por muito que ame, nunca mais serei capaz de amar. Por muito que seja feliz, a felicidade nunca mais reinará em mim. Por muito que diga que não, afirmarei sempre em prova do contrário. Por muito que faça, nunca mais serei capaz de agir. Sim, é verdade – foste a luz dos meus olhos. Tantos candeeiros, tantas velas, tantos pontos de luz. Independentemente da intensidade de cada um deles, foste tu a luz que mais me iluminou. Nada nem ninguém tem o dom ou a autorização para o desmentir. Ou melhor – por muito que o façam, saberás sempre de onde provêm as puras palavras que farão de ti um homem, um dia. Verdade, verdade. Por muito que erre, nunca mais serei capaz de o fazer, pelo menos contigo ou por ti. Oh, que se foda. Amo-te.

Correcção - não foste, és. Talvez não como queres. Apenas... aceita. Aceita que um dia te amarei e te darei o que precisas. Aceita que valerá a pena. Esquece e perdoa tudo o que fiz e disse. Ergue a cabeça, olha-me e entende o que te digo. Não quero palavras dóceis. Quero, apenas e só, compreensão. Tanta e tanta vez errei. Tanta e tanta vez perdoaste. Não que mereça, mas tenta só mais uma vez. Não que seja agora. Ou que seja o teu plano para o ano que se segue. Promete que entrarás com o pé direito e a pensar que o único feito a conseguir é perdoar. Oh, foda-se, perdoa-me minha luz. Iluminaste-me mais que qualquer outra pessoa. 

Oh, amo-te.