domingo, 4 de dezembro de 2011

Texto Criativo

Saí numa manhã radiosa de Julho, após aquela noite fantástica, decidida a aproveitar o dia ao máximo. Primeiro ia á praia reter todo o Sol que conseguisse, até já estar farta de sentir a pele quente e a areia nos pés. Depois voltaria a casa, tomaria um bom banho demorado e passaria a hora seguinte sentada no chão de madeira em frente ao armário a escolher cuidadosamente o que vestir e mais uns quantos quartos de hora a tratar do cabelo e da maquilhagem… Eventualmente acabaria por sair de casa novamente, só para te voltar a ver. Ia dirigir-me ao bar onde te vi pela primeira vez, ia repetir o sorriso tímido inicial, ia encontrar-te junto ao balcão e ia ouvir-te perguntar novamente ‘’precisas de companhia?’’.

Nesse dia acordei decidida a ser feliz, saí de casa convencida que seria um bom dia; entrei em casa com uma forte sensação de mal-estar.

É que em vez de correr tudo como planeado, choveu e tive de voltar mais cedo da praia, o banho teve ser à pressa porque adormeci no sofá, escolhi mal a roupa e o resto dos preparativos foram desastrosos. E, saí novamente, e tu estavas lá. Mas não comigo nem para mim. Vi-te aproximar de uma rapariga loira e apesar de não perceber bem o que dizias, os teus lábios insinuavam ‘’precisas de companhia?’’. Vi-te cruzares um olhar com ela que sugeria ‘’esta noite pertences-me’’ e ao olhar para mim, nem me reconheceste. Entrei em casa, deitei-me, sem imaginar que dali a umas semanas o descanso já não seria o mesmo.

(…)

Deu positivo. Pousei o aparelho que mais parecia um termómetro, sentei-me no chão e envolvi as pernas com os meus abraços. Apesar do calor, senti um frio intenso.